domingo, 30 de maio de 2010

O Calendário Maia e o fim do mundo em 2012 - Ciência Hoje


Reportagem do site português Ciência Hoje sobre o fim do mundo em 2012 pelo calendário Maia.
Escrita por Carlos Oliveira, este interessante texto fala da questão sobre mitos e previsões

As profecias de fim de mundo têm sempre um atractivo especial. Bastante atractivas são também as histórias sobre conhecimentos ocultos detidos por civilizações antigas. Vem isto a propósito do documentário feito pelo History Channel sobre a Profecia Maia, e que já se encontra à venda para o público (assim como vários livros sobre o mesmo assunto). O documentário pareceu-me bastante interessante e apelativo.
* Estudante de doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas em Austin nos EUA

Basicamente a ideia é que os Maias, que tinham um calendário mais preciso, mais complexo e muito mais holístico que o nosso, previram vários acontecimentos que entretanto se passaram, como a chegada do homem branco - Hernan Cortez - a 8 de Novembro de 1519. Este calendário Maia prevê que algo de muito grave se passará no solestício de Inverno, 21 de Dezembro, de 2012. Tão grave será o acontecimento, que o mundo tal como o conhecemos desaparecerá. Isto não quer dizer que o mundo acabará, quer simplesmente dizer que um grande acontecimento transformará o mundo.

Ora, sabe-se actualmente que nesta data durante o solestício a Terra estará alinhada com o Sol e com o centro da nossa galáxia, Via Láctea. Sabe-se que no centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo. Baseados em Einstein e em alguma informação astronómica, há quem diga que o alinhamento com este buraco negro supermassivo levará a uma mudança do campo magnético terrestre, que acontece periodicamente. Isto levará a tsunamis, vulcões, terramotos, etc.
Outras Profecias

Curioso no documentário foi eles relacionarem com outras profecias. Por exemplo, o muito antigo I Ching é um livro Chinês sobre concepções do mundo e filosofias de vida, que contém algumas previsões se utilizarmos a teoria “Time Wave Zero”. Usando esta técnica vê-se que o livro Chinês prevê que o mundo irá acabar a 21 de Dezembro de 2012.

Ligaram também a Merlin, o mágico da corte do Rei Artur. Pelos vistos estes profetas medievais (existiam vários Merlin), previram Napoleão, Hitler, o nome da primeira colónia na América, etc. Previram também que neste século irá haver um ataque nuclear terrorista no Reino Unido que matará centenas de milhares de pessoas, que o aquecimento global será demasiado evidente e que... irá haver uma mudança do campo magnético terrestre que levará a um desastre global.

Outra pessoa mencionada foi Sibyl, uma profeta/oráculo em Roma - tal como a de Delphi na Grécia. Ela também previu correctamente vários acontecimentos, entre os quais o fim do mundo para mais ou menos a mesma data que os anteriores.

Discutiram também um projecto chamado de webbot que faz previsões a partir daquilo que vai aparecendo pela web. Supostamente previram os acontecimentos de 11 de Setembro em Junho de 2001. Este projecto prevê um acontecimento global para 2012.

Tudo isto dá que pensar que são muitas previsões coincidentes, sendo a Maia a mais relevante.
Análise Crítica

O documentário fala de outros “profetas”: "Mother Shipton", Bíblia, Nativos Americanos, e muitos outros.... em que todos eles prevêem o fim do mundo. Mas isto é normal. Toda a gente prevê más notícias - é este tipo de notícias que vende - o medo vende. Nenhum destes outros casos previu o final do mundo para 2012, mas o documentário tentou pôr tudo no mesmo saco, enganando os espectadores. Estranho é que não tenham referido a previsão feita pelos criadores da série Ficheiros Secretos que no episódio “A Verdade” apontaram para 22 de Dezembro de 2012 como o dia da invasão dos extraterrestres!
Podem ver críticas ao documentário aqui:
http://skeptico.blogs.com/skeptico/2006/08/2012_mayan_prop.html
http://alignment2012.com/historychannel.html

Em termos das previsões "acertadas", lembremo-nos que as previsões são sempre bastante vagas e muitas interpretações cabem lá dentro; cabendo sempre as interpretações que nós queremos dar... após os acontecimentos. Por outro lado, a estatística explica bastante bem as previsões que até possam ter sido específicas e acertaram. Todos os dias no mundo há imensas previsões feitas e estatisticamente falando algumas têm que ser acertadas! Dar relevância às que pensamos ser certas, não percebendo que existem muitas mais que são erradas é um erro muito comum em estatística.

Em termos históricos, basta lermos alguns livros para percebemos que em todas as eras existiram pessoas a prever que o fim estava perto. Sempre foi assim e sempre será, porque isso é que fará do nosso tempo o mais importante para viver. É uma mentalidade temporalcêntrica. E é bom relembrar que todas essas pessoas, sem excepção, estavam enganadas.
Geocentrismo Temporal

Em termos astronómicos, somos um simples ponto num universo gigantesco. Imaginar que temos qualquer relevância em termos espaciais ou temporais é antropocentrismo no seu pior – quando na Ficção Científica lemos ou vemos que extraterrestres vêm à Terra para mudar o curso da nossa história e do resto do universo temos que ver isto somente como uma forma de entretenimento. É um Geocentrismo temporal – continuamos a pensar que somos especiais no Universo, neste caso em termos de tempo. O mesmo se passa nestas previsões.

É interessante ver que as previsões são só sobre o que se passa numa parte de um minúsculo ponto do espaço – Terra; na Ficção Científica quando se viaja no Tempo é dado a entender que não viajamos no espaço e as pessoas aparecem no mesmo sítio mas em tempos diferentes. Ambas as situações estão erradas porque se baseiam na premissa que as viagens no espaço estão estagnadas. Mas o que se passa de facto é que a Terra roda em torno de si própria, a Terra viaja pelo espaço ao redor do Sol, o Sol viaja à volta da Via Láctea, a Via Láctea por seu turno também se movimenta em direcção a outras galáxias no nosso Grupo Local, o Grupo Local também viaja.... e assim sucessivamente.
Nada está parado no espaço. Se eu viajar no tempo 1 dia que seja, e esperar não sair deste ponto, então já não me vou encontrar nesta sala, mas sim algures a flutuar no espaço! O tempo e o espaço estão interligados - quem diz que consegue ver o futuro, está não só a afirmar isso mesmo, mas está incrivelmente também a dizer que consegue ver os eventos que acontecerão num pontinho irrelevante do espaço que se encontra a muitos milhões de quilómetros de distância (no ponto do espaço onde a Terra estará no futuro).

Em 2013 voltarei a este assunto. 

Revolução Francesa



Queda da Bastilha - 14/07/1789



  • Discussão Conceitual:

O que é uma revolução? O que foi a Revolução Francesa?


  • Antecedentes:

A situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época do Antigo Regime. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos somente por este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza.
A França era um país absolutista nesta época. O rei governava com poderes absolutos, controlando a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política da monarquia) ou condenados à guilhotina.
A sociedade francesa do século XVIII era estratificada e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores, camponeses e burguesia) que, como já dissemos, sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior era a condição de vida dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas.
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, portanto, desejavam melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.

  • A Revolução Francesa (14/07/1789)

A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.
O lema dos revolucionários era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, pois ele resumia muito bem os desejos do terceiro estado francês.
Durante o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia, entre eles o rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta foram guilhotinados em 1793, já na fase do Terror. O clero também não saiu impune, pois os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução.
No mês de  agosto de 1789, a Assembléia Constituinte cancelou todos os direitos feudais que existiam e promulgou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este importante documento trazia significativos avanços sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de maior participação política para o povo.

  • Girondinos e Jacobinos

Após a revolução, o terceiro estado começa a se transformar e clubes revolucionários começam a surgir com opiniões diversificadas. Os girondinos, por exemplo, representavam a alta burguesia e queriam evitar uma participação maior dos trabalhadores urbanos e rurais na política. Por outro lado, os jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam uma maior participação popular no governo. Liderados por Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e defendiam também profundas mudanças na sociedade que beneficiassem os mais pobres.

  • Jacobinos no poder - A fase do Terror

Em 1792, os radicais liderados por Robespierre, Danton e Marat assumem o poder e a organização das guardas nacionais. Estas recebem ordens dos líderes para matar qualquer oposicionista do novo governo. Muitos integrantes da nobreza e outros franceses de oposição foram condenados à morte neste período. A violência e a radicalização política são as marcas desta época.

  • Girondinos – A fase do Diretório

Em 1795, os girondinos assumem o poder e começam a instalar um governo burguês na França. Uma nova Constituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e ampliando seus direitos políticos e econômico. O general francês Napoleão Bonaparte é colocado no poder com o objetivo de controlar a instabilidade social e implantar um governo burguês.

  • Conclusão

A Revolução Francesa foi um importante marco na História da civilização ocidental e representou a passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Significou também, o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. Com isso, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução.
A Revolução Francesa também influenciou, com seus ideais iluministas, a independência  de alguns países da América Espanhola e, no Brasil, a Conjuração Baiana.

sábado, 22 de maio de 2010

Economia no Brasil Colônia


A economia colonial brasileira é integrada ao processo mundial de expansão do capitalismo mercantil. Baseada no monopólio colonial - Portugal tem a exclusividade do comércio com a colônia -, é altamente especializada e dirigida para o mercado externo. Internamente tem caráter predatório sobre os recursos naturais. As técnicas agrícolas utilizadas são rudimentares e provocam rápido esgotamento da terra. A produção está centrada na grande propriedade monocultora, o latifúndio, e na utilização de numerosa mão-de-obra escrava - primeiro dos indígenas e depois dos negros.

Escravidão

O trabalho compulsório do indígena é usado em diferentes regiões do Brasil até meados do século XVIII. A caça ao índio é um negócio local e os ganhos obtidos com sua venda permanecem nas mãos dos colonos, sem lucros para Portugal. Por isso, a escravização do nativo brasileiro é gradativamente desestimulada pela metrópole e substituída pela escravidão negra. O tráfico negreiro é um dos mais vantajosos negócios do comércio colonial e seus lucros são canalizados para o reino.
Escravidão negra - A primeira leva de escravos negros que chega ao Brasil vem da Guiné, na expedição de Martim Afonso de Souza, em 1530. A partir de 1559, o comércio negreiro se intensifica. A Coroa portuguesa autoriza cada senhor de engenho a comprar até 120 escravos por ano. Sudaneses são levados para a Bahia e bantus espalham-se pelo Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
Tráfico de escravos - O tráfico negreiro é oficializado em 1568 pelo governador-geral Salvador Correa de Sá. Em 1590, só em Pernambuco registra-se a entrada de 10 mil escravos. Não há consenso entre os historiadores sobre o número de escravos trazidos para o Brasil. Alguns, como Roberto Simonsen e Sérgio Buarque de Holanda, estimam esse número entre 3 milhões e 3,6 milhões. Caio Prado Júnior supõe cerca de 6 milhões e Pandiá Calógeras chega aos 13,5 milhões.

Cana-de-açúcar

O cultivo da cana-de-açúcar é introduzido no Brasil por Martim Afonso de Souza, na capitania de São Vicente. Seu apogeu ocorre entre 1570 e 1650, principalmente em Pernambuco. Fatores favoráveis explicam o sucesso do empreendimento: experiência anterior dos portugueses nos engenhos das ilhas do Atlântico, solo apropriado, principalmente no Nordeste, abundância de mão-de-obra escrava e expansão do mercado consumidor na Europa. A agroindústria açucareira exige grandes fazendas e engenhos e enormes investimentos em equipamentos e escravos.
O engenho - Os chamados engenhos de açúcar são unidades de produção completas e, em geral, auto-suficientes. Além da casa grande, moradia da família proprietária, e da senzala, dos escravos, alguns têm capela e escola, onde os filhos do senhor aprendem as primeiras letras. Junto aos canaviais, uma parcela de terras é reservada para o gado e roças de subsistência. A "casa do engenho" possui toda a maquinaria e instalações fundamentais para a obtenção do açúcar.
Economia açucareira - Estimativa do final do século XVII indica a existência de 528 engenhos na colônia. Eles garantem a exportação anual de 37 mil caixas, cada uma com 35 arrobas de açúcar. Dessa produção, Portugal consome apenas 3 mil caixas anuais e exporta o resto para a Europa. O monopólio português sobre o açúcar assegura lucros consideráveis aos senhores de engenho e à Coroa. Esse monopólio acaba quando os holandeses começam a produzir açúcar nas Antilhas, na segunda metade do século XVII. A concorrência e os limites da capacidade de consumo na Europa provocam uma rápida queda de preços no mercado.

Mineração

Na passagem do século XVII para o XVIII, são descobertas ricas jazidas de ouro no centro-sul do Brasil. A Coroa portuguesa volta toda sua atenção para as terras brasileiras. A região das minas espalha-se pelos territórios dos atuais Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso e torna-se pólo de atração de migrantes: portugueses em busca de fortuna, aventureiros de todas as regiões do Brasil e escravos trazidos do Nordeste. Criam-se novas vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro Preto, Caeté, São João del Rey, Arraial do Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá.

O quinto - A Coroa portuguesa autoriza a livre exportação de ouro mediante o pagamento de um quinto do total explorado. Para administrar e fiscalizar a atividade mineradora, cria a Intendência das Minas, vinculada diretamente à metrópole. Toda descoberta deve ser comunicada. Para garantir o pagamento do quinto, são criadas a partir de 1720 as casas de fundição, que transformam o minério em barras timbradas e quintadas. Em 1765 é instituída a derrama: o confisco dos bens dos moradores para cobrir o valor estipulado para o quinto quando há déficit de produção.
Economia mineradora - O chamado "ciclo do ouro" traz uma grande diversificação social para a colônia. A exploração das jazidas não exige o emprego de grandes capitais, permite a participação de pequenos empreendedores e estimula novas relações de trabalho, inclusive com a mão-de-obra escrava. Os escravos trabalham por tarefa e, muitas vezes, podem ficar com uma parte do ouro descoberto. Com isso, têm a chance de comprar sua liberdade. O período áureo dura pouco: entre 1735 e 1754, a exportação anual gira em torno de 14.500 kg. No final do século, o volume enviado a Portugal cai para 4.300 kg por ano, em média.
Diamantes - A exploração de diamantes toma corpo por volta de 1729, nas vilas de Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. A produção atinge grandes volumes e chega a causar pânico no mercado joalheiro europeu, provocando a queda nos preços das pedras. Em 1734 é instituída uma intendência para administrar as lavras. A extração passa a ser controlada por medidas severas que incluem confisco, proibição da entrada de forasteiros e expulsão de escravos.

Diversificação agrícola

A agricultura de subsistência e a pecuária desenvolvem-se ao longo dos caminhos para as minas e nas proximidades das lavras. O crescimento demográfico aumenta rapidamente os lucros dessas atividades. Sesmarias são doadas na região a quem queira cultivá-las. Novas culturas surgem em outras áreas da colônia.
Novos produtos agrícolas - Em meados do século XVII, o algodão, o tabaco e o cacau passam a ser produzidos em larga escala e a integrar a pauta de exportações da colônia. A produção algodoeira desenvolve-se no Nordeste, em especial Maranhão e Pernambuco. O tabaco é produzido principalmente na Bahia, seguida por Alagoas e Rio de Janeiro e, ao longo do século XVII, o produto é usado como moeda de troca para aquisição de escravos nos mercados da costa africana. O cacau é explorado inicialmente apenas em atividade extrativista, no Pará e no Amazonas. Começa então a ser cultivado na Bahia e no Maranhão com mão-de-obra escrava.
Introdução do café - O café é introduzido no Brasil por Francisco de Melo Palheta, em 1727, que o contrabandeia da Guiana Francesa. Durante o século XVIII, seu cultivo limita-se ao nordeste, onde os solos não são adequados. A cafeicultura só se desenvolve no século XIX, quando o produto começa a ser cultivado na região Sudeste.
Francisco de Melo Palheta (1670 -?) nasce em Belém do Pará e é considerado o primeiro a introduzir o café no Brasil. Militar e sertanista, em 1727 é mandado à Guiana Francesa e recebe duas incumbências do governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, João Maia da Gama. A primeira tem caráter diplomático: o governador da Guiana, Claude d'Orvilliers, tinha mandado arrancar um padrão com o escudo português plantado na fronteira entre as duas colônias. A missão de Palheta seria fazer respeitar a divisa, estabelecida pelo Tratado de Utrecht no rio Oiapoque. A segunda tarefa de Palheta é clandestina: deveria obter mudas de café, cultivado nas Guianas desde 1719, e trazê-las para o plantio no Pará. O sertanista cumpre suas duas incumbências. Faz os franceses aceitarem a faixa divisória entre os dois países e traz mudas de café para o Brasil, apesar da proibição formal do governo francês. Conta-se que ele mesmo teve um cafezal no Pará, com mais de mil pés, para o qual pediu ao governo cem casais de escravos.
Expansão do açúcar - A agroindústria açucareira do nordeste volta a se expandir no século XVIII, quando as revoltas escravas nas Antilhas interrompem a produção local. O aumento das exportações brasileiras estimula a expansão dos canaviais para o Rio de Janeiro e São Paulo, já enriquecidos pelo comércio do ouro.

Pecuária

Fator essencial na ocupação e povoamento do interior, a pecuária se desenvolve no vale do rio São Francisco e na região sul da colônia. As fazendas do vale do São Francisco são latifúndios assentados em sesmarias e dedicados à produção de couro e criação de animais de carga. Muitos proprietários arrendam as regiões mais distantes a pequenos criadores. Não é uma atividade dirigida para a exportação e combina o trabalho escravo com a mão-de-obra livre: mulatos, pretos forros, índios, mestiços e brancos pobres. No sul, a criação de gado é destinada à produção do charque para o abastecimento da região das minas.
Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br
Imagens:
Engenho de Açúcar
Sociedade Colonial


Para saber mais:
Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Ronaldo Vainfas(Org.) Ed. Objetiva, 2001.
Formação do Brasil Colonial. Arno Wehling e Maria José Wehling. Ed. Nova Fronteira, 2005.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por que Xiitas e Sunitas são rivais? Revista Aventuras na História


Curta esta matéria da revista Aventuras na História aqui no blog:

Dúvida Cruel

Por que xiitas e sunitas são rivais?

por Mário Araujo
Por que xiitas e sunitas são rivais?
Israel Maria dos Santos Segundo,
Caicó, RN
A rivalidade surgiu por volta do ano 632, na disputa pela sucessão de Maomé, logo após sua morte. A divergência principal é política: está relacionada à linhagem dos primeiros líderes da comunidade islâmica. “A separação entre o político e o religioso, porém, comum no Ocidente, nem sempre foi tão clara em Estados religiosos”, afirma o historiador Frank Usarski, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Os xiitas compõem cerca de 15% dos muçulmanos. Eles crêem que só descendentes diretos de Maomé podem ser considerados imãs – guias espirituais que interpretam fielmente o livro sagrado Alcorão – e manter o califado, nome dado ao Estado no mundo islâmico, onde o líder acumula as atividades políticas e religiosas. Para eles, Ali, casado com Fátima, a filha de Maomé, teria dado início à genealogia dos imãs.
Já para os sunitas – partidários dos primeiros califas, desde Abu Bakr (califa entre 632 e 634) –, o califado deve ser liderado pelos considerados pela comunidade como dignos do cargo.
O islamismo tem outros grupos, como bahais e drusos. Para todos, só há um Deus, que é Alá. Maomé é aquele que revelou a mensagem de Alá e o Alcorão é o livro sagrado. A diferença surge quanto à aceitação do Suna como texto sagrado e na forma de interpretação de alguns trechos do Alcorão.


Exercícios II - Aula - Projeto Vestibular com Gabarito


Colaboradores: Gabriel Luíz, Rafael Aguiar e Carla Sobrino

1) UERJ - 2000
(...)Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. (...) Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente de frutos, que a terra e as árvores de si lançam (...).
(CORTESÃO, Jaime. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943.)

No Brasil, durante o período colonial, as mudanças transcorridas na organização política, econômica e social dos indígenas estão relacionadas com:

(A) o rompimento de sua unidade política, levando ao fracionamento das federações tribais
(B) a expropriação das terras, provocando a interiorização de muitas comunidades nativas
(C) a imposição gradativa do trabalho sedentário, levando a sua utilização como mão-de-obra assalariada
(D) o seu largo emprego em trabalhos compulsórios na pecuária e na mineração, provocando a sedentarização das comunidades do litoral

2) UNIRIO - 2005

O processo de expansão marítima que envolveu diversos países europeus, ao final da idade média, se  encontra nas origens do mundo moderno. Ampliou horizontes geográficos e do saber europeu, elevando a Europa a uma posição central de poder, identificada com a própria modernidade. Sobre a expansão marítima européia, entre os séculos XIV e XVI, é correto afirmar que:

a) favoreceu o monopólio dos holandeses nas rotas de especiarias das Índias orientais, devido ao controle que exerciam sobre os conhecimentos náuticos e cartográficos.
b) atraiu os navegadores às rotas do mediterrâneo oriental em virtude do rico comércio com o oriente praticado nesta região pelos mercadores italianos.
c) solucionou os problemas gerados pela explosão demográfica ocorrida na Europa ao final da idade média, principalmente, na França.
d) permitiu a Espanha ampliar a reconquista com a incorporação dos territórios árabes do norte da África.
e) possibilitou aos portugueses o controle do Atlântico Sul, a partir da viagem de contorno da África e da descoberta do Brasil


3) UFRRJ – 1999

“Coloquemo-nos naquela Europa anterior ao século XVI, isolada dos trópicos, só indireta
e longinquamente acessíveis e imaginemo-la, como de fato estava, privada quase inteiramente de produtos que se hoje, pela sua banalidade, parecem secundários, eram então prezados como requintes de luxo. Tome-se o caso do açúcar, que embora se cultivasse em pequena escala na Sicília, era artigo de grande raridade e muita procura; até nos enxovais de rainhas ele chegou a figurar como dote precioso e altamente prezado.”
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo, Brasiliense,1961.

A colonização do Brasil, a partir do século XVI, permitiu à Coroa Portuguesa usufruir das vantagens trazidas pela s riquezas tropicais. Caracterizam a economia colonial brasileira:

(A) o monopólio comercial, a monocultura de exportação, o trabalho escravo e o predomínio das grandes propriedades rurais.
(B) o livre comércio, a indústria do vestuário, o trabalho livre e o predomínio das pequenas propriedades rurais.
(C) o liberalismo econômico, o trabalho assalariado, a monocultura canavieira e o predomínio
das grandes propriedades rurais.
(D) o exclusivo colonial, o trabalho escravo, a exportação de ferro e aço e o predomínio das pequenas propriedades rurais.
(E) o monopólio comercial, o trabalho assalariado, a produção para o mercado interno e o predomínio das grandes propriedades rurais


3) UFRRJ – 1999

 Os portugueses foram os primeiros europeus a lançarem-se no processo de expansão marítima, no século XV. Isto ocorreu devido a inúmeros fatores de ordem interna, tais como: a precoce centralização política a uma burguesia forte e uma certa experiência em navegação. Em relação a outros fatores que favoreceram a expansão marítima portuguesa, podemos citar:

(A) a necessidade de descobrir novas jazidas de metais preciosos para cunhagem de moedas e o desejo de chegar às Índias para monopolizar o comércio de especiarias.
(B) a necessidade de descobrir novas jazidas de metais preciosos para cunhagem de moedas e a feitura de uma aliança com a Espanha, visando uma ação conjunta em relação ao descobrimento da América.
(C) a necessidade de descobrir novas jazidas de metais preciosos para a cunhagem de moedas e o desejo de fundar novas cidades na costa africana, levando-lhes o desenvolvimento técnico dos europeus.
(D) a necessidade de expandir a fé católica, bem como a necessidade de se chegar às Índias viajando para o Ocidente, a fim de divulgar os novos preceitos do Calvinismo.
(E) a necessidade de descobrir novas jazidas de metais preciosos para cunhagem de moedas e o objetivo de chegar às Índias para desenvolver a cultura de ambos países.




GABARITO: 1- B, 2- E, 3 - A



DISCURSIVAS:


UERJ- 2004
ABAIXO O IMPOSTO!



 (In: TUDESQ & RUDEL. 1789-1848. Paris: Bordas, 1968.)
A caricatura critica o peso dos tributos senhoriais, dos dízimos e das taxas que recaíam sobre o erceiro Estado, no Absolutismo francês. Esses tributos transformaram-se em um dos motivos da  contestação que levou à crise do Antigo Regime e à deflagração da Revolução Francesa.

A) Identifique duas características do Absolutismo.
B) Conceitue os Estados Gerais, convocados em 1788 por Luís XVI para discutir a crise
financeira da França, e explique em que medida sua reunião contribuiu para o início
da Revolução Francesa.

GABARITO:
01.
A) Duas dentre as características:
-concentração dos poderes executivo, legislativo, judiciário e militar nas mãos do
soberano
- legitimação do exercício absoluto do poder pelo soberano, através da
invocação da teoria do direito divino
- venda de cargos como meio de recolher rendimentos da burguesia e da
nobreza
-abuso de privilégios por parte da nobreza
- cobrança de tributos régios
- mercantilismo

B) Assembléia constituída pelos representantes da sociedade – Clero, Nobreza e Terceiro Estado – que tinha a função de ajudar o soberano a resolver os principais problemas da França.Reunidos em Versalhes, em maio de 1789, os representantes dos três Estados se depararam com a questão de como se procederia às votações: manter o voto por Estado ou adotar o voto por cabeça, pleito do Terceiro Estado. O não posicionamento do monarca em relação a esta questão levou os deputados do Terceiro Estado a se declararem, em Assembléia Nacional, marco de grande significância para a experiência revolucionária francesa.

UFRRJ – 1999


Trinta e dois anos haviam decorrido depois da descoberta do Brasil, quando o Rei de Portugal. João II, filho de D.Manoel, teve notícia dos progressos que faziam os castelhanos estabelecidos nas  margens do Paraguai e do desenvolvimento que davam os franceses ao seu comércio nos mares do sul. Resolveu, então, dividir o seu enorme território da América em lotes de 50 léguas, distribuindo-os aos servidores mais notáveis do reino, que tivessem por seus recursos ou crédito, condições de promover eficazmente a povoação e defesa da parte que lhes fosse confiada.
Depois de melhor informado por Martin Afonso de Souza que, com seu irmão Pero Lopes, acabava de explorar a imensa costa, mandou El’Rei demarcar 15 lotes distintos, dos quais fez mercê a 12 donatários. Conferiu-lhes, então, Cartas de Doação em que lhes eram concedidas consideráveis regalias e poder de governadores. Tal poder compreendia, também, o direito de escravizar os gentios, podendo até mesmo enviá-los para Lisboa a fim de que fossem vendidos.

a) Explique uma razão da adoção do Sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil.

b) Cite dois motivos da falência desse sistema administrativo no Brasil.


GABARITO:

 a) Dentre outras razões, o candidato poderá explicar:
- Que a Coroa Portuguesa desejava povoar e colonizar o Brasil sem dispor de grandes investimentos de capital e, para tal, a colonização ficou a cargo de particulares.
- Que Portugal já possuía experiência com o Sistema de Capitanias Hereditárias.
b) Dentre os motivos da falência do Sistema de Capitanias Hereditárias o candidato poderá citar:
- A falta de investimentos financeiros por parte da Coroa na Colônia.
- Os constantes ataques indígenas aos povoados.
- A dificuldade de povoação devido à grande extensão territorial das Capitanias


UNIRIO – 2005

“O rápido desenvolvimento da indústria açucareira, malgrado as enormes dificuldades decorrentes do meio físico, da hostilidade do silvícola e do custo dos transportes, indica claramente que o esforço do governo português se concentrara nesse setor.”
(FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1977, p. 41.)

A coroa portuguesa viabilizou a ocupação e o povoamento de seus territórios coloniais na América, entre os séculos XVI e XVII, com a implantação da cana-de-açúcar. Os engenhos rapidamente se espalharam pela costa brasileira, principalmente, a partir de Pernambuco e da Bahia, tornando o açúcar a principal riqueza da economia colonial nesse período.
Cite e explique uma característica econômica da produção açucareira no Brasil colonial no período demarcado acima.

GABARITO:
Monocultura de exportação inserida no pacto colonial conforme as políticas e práticas  mercantilistas (plantation); monocultura voltada para o atendimento do mercado externo em regime de privilégios e monopólios; modelo agro exportador; pacto colonial; cultura explorada em que incluíam florestas fornecedoras de madeira, moendas, casa-grande, senzalas, etc.; uso de mão-de-obra escrava como base do sistema econômico da produção açucareira destacadamente de origem africana (tráfico negreiro); controle holandês das etapas de refinação e comercialização do açúcar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Reforma e a Contra Reforma


Olá, amigos do Jovens na História Blog ! Aqui está um ótimo texto do site "Algo Sobre" sobre a a Reforma e a Contra-Reforma no século XVI. Esperamos que gostem!


Lutero


Calvino


Henrique VIII, primeiro líder  supremo da Igreja Anglicana


Reforma e Contra-Reforma



sobre História Por Algosobre 




Fatores que impulsionaram o movimento da Reforma

No início do século XVI, a mudança na mentalidade das sociedades européias repercutiu também no campo religioso. A Igreja, tão onipotente na Europa medieval, foi duramente criticada.


A instituição católica estava em descompasso com as transformações de seu tempo. Por exemplo, condenava o luxo excessivo e a usura.

Além disso, uma série de questões propriamente religiosas colocavam a Igreja como alvo da crítica da sociedade: a corrupção do alto clero, a ignorância religiosa dos padres comuns e os novos estudos teológicos.

As graves críticas a Igreja já não permitiam apenas consertar internamente a casa. As insatisfações acumulram-se de tal maneira que desencadearam um movimento de ruptura na unidade cristã: a Reforma Protestante.

Assim, a Reforma foi motivada por um complexo de causa que ultrapassaram os limites da mera contestação religiosa. Vejamos detalhadamente algumas dessas causas.


Novas interpretações da Bíblia

Com a difusão da imprensa, aumentou o número de exemplares da Bíblia disponíveis aos estudiosos, e um clima de reflexão crítica e de inquietação espiritual espalhou-se entre os cristãos europeus. Surgia, assim, uma nova vontade individual de entender as verdades divinas, sem a intermediação dos padres.

Desse novo espírito de interiorização da religião, que levou ao livre exame das Escrituras,nasceram diferentes interpretações da doutrina cristã. Nesse sentido, podemos citar, por exemplo, uma corrente religiosa que, apoiada na obra de Santo Agostinho, afirmava que a salvação do homem seria alcançada somente pela fé. Essas idéias opunham0se à posição oficial da Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, pela qual a salvação do homem era alcançada pela fé e pelas boas obras.


Corrupção do Clero

Analisando o comportamento do clero, diversos cristãos passaram a condenar energicamente os abusos e as corrupções. O alto clero de Roma estimulava negócios envolvendo religião, como, por exemplo, a simonia (venda de objetos sagrados) tais como espinhos falsos, que coroaram a fronte de Cristo, panos que teriam embebido o sangue de seu rosto, objetos pessoais dos santos, etc.

Além do comércio de relíquias sagradas, a Igreja passou a vender indulgências (o perdão dos pecados). Mediante certo pagamento destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam "comprar" a sua salvação.


No plano moral, inúmeros membros da Igreja também eram objeto de críticas. Multiplicavam-se os casos de padres envolvidos em escândalos amorosos, de monges bêbados e de bispos que vendiam os sacramentos, acumulando riquezas pessoais.

Esse mau comportamento do clero representava sério problema ético-religioso, pois a Igreja dizia que os sacerdotes eram os intermediários entre os homens e Deus.


Nova ética religiosa

A Igreja católica, durante o período medieval, condenava o lucro excessivo (a usura) e defendia o preço justo. Essa moral econômica entrava em choque com a ganância da burguesia. Grande número de comerciantes não se sentia à vontade para tirar o o lucro máximo nos negócios, pois temiam ir para o inferno.

Os defensores dos grandes lucros econômicos necessitavam de uma nova ética religiosa, adequada ao espírito capitalista comercial. Essa necessidade da burguesia foi atendida, em grande parte, pela ética protestante, que surgiu com a Reforma.


Sentimento nacionalista

Com o fortalecimento das monarquias nacionais, os reis passaram a encara a Igreja, que tinha sede em Roma e utilizava o latim, como entidade estrangeira que interferia em seus países. A Igreja, por seu lado, insistia em se apresentar como instituição universal que unia o mundo cristão.

Essa noção de universalidade, entretanto, perdia força à medida que crescia o sentimento nacionalista. Cada Estado, com sua língua, seu povo e suas tradições, estava mais interessado em afirmar as diferenças do que as semelhanças em relação a outros Estados. A Reforma Protestante correspondeu a esses interesses nacionalistas. A doutrina cristã dos reformadores, por exemplo, foi divulgada na língua nacional de cada país e não tem latim, o idioma oficial da Igreja católica.


Contra-Reforma
A Reação católica contra o avanço protestante

Diante dos movimentos protestantes, a reação inicial e imediata da Igreja católica foi punir os rebeldes, na esperança de que as idéias reformistas não se propagassem e o mundo  cristão recuperasse a unidade perdida. Essa tática, entretanto, não obteve bons resultados. O movimento protestante avançou pela Europa, conquistando crescente número de seguidores.

Diante disso, ganhou força um amplo movimento de moralização do clero e dereorganização das estruturas administrativas da Igreja católica, que ficou conhecido comoReforma Católica ou Contra-Reforma. Seus principais líderes foram os papas Paulo III (1534-1549), Paulo IV (1555-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V (1585-1590)

Um conjunto de medidas forma adotadas pelos líders da Contra-Reforma, tendo em vista deter o avanço do protestantismo. Entre essas medidas, destacam-se a aprovação da ordem dos jesuítas, a convocação do Concílio de Trento e o restabelecimento da Inquisição.

Ordem dos Jesuítas

No ano de 1540, o papa Paulo III aprovou a criação da ordem dos jesuítas ou Companhia de Jesus, fundada pelo militar espanhol Inácio de Loyola, em 1534.

Inspirando-se na estrutura militar, os jesuítas consideravam-se os "soldados da Igreja", cuja missão era combater a expansão do protestantismo. O combate deveria ser travado com as armas do espírito, e para isso Inácio de Loyola escreveu um livro básico, Os Exércitos Espirituais, propondo a conversão das pessoas ao catolicismo, mediante técnicas de contemplação.

A criação de escolas religiosas também foi um dos instrumentos da estratégia dos jesuítas. Outra arma utilizada foi a catequese dos não-cristãos, com os jesuítas empenhando-se em converter ao catolicismo os povos dos continentes recém-descobertos. O Objetivo era expandir o domínio católico para os demais continentes.

Concílio de Trento

No ano de 1545, o papa Paulo III convocou um concílio (reunião de bispos), cujas primeiras reuniões foram realizadas na cidade de Trento, na Itália. Ao final de longos anos de trabalho, terminados em 1563, o concílio apresentou um conjunto de decisões destinadas a garantir a unidade da fé católica e a disciplina eclesiástica.

Reagindo às idéias protestantes, o Concílio de Trento reafirmou diversos pontos da doutrina católica, como por exemplo:


I. a salvação humana: depende da fé e das boas obras humanas. Rejeita-se, portanto a doutrina da predestinação;

II. a fonte da fé: o dogma religioso tem como fonte a Bíblia (cabendo à Igreja dar-lhe a interpretação correta) e a tradição religiosa (conservada e transmitida pela igreja). O papa reafirmava sua posição de sucessor de Pedro, a quem Jesus Cristo confiou a construção de sua Igreja;

III. a missa e a presença de Cristo: a Igreja reafirmou que n ato da eucaristia ocorria a presença de Jesus no Pão e no Vinho. Essa presença real de Cristo era rejeitada pelos protestantes.



O Concílio de Trento determinou, ainda, a elaboração de um catecismo com os pontos fundamentais da doutrina católica, a criação de seminários para a formação dos sacerdotes e manutenção dos celibatos sacerdotal.

No ano de 1231, a Igreja católica havia criado os tribunais da Inquisição, que, com o tempo, reduziram suas atividades em diversos países. Entretanto, com o avanço do protestantismo, a Igreja reativou, em meados do século XVI, a Inquisição. Esta passou a se encarregar, por exemplo, de organizar uma lista de livros proibidos aos católicos, o Index librorum prohibitorum. Uma das primeiras relações de livros proibidos foi publicada em 1564.

Fontes: 
Imagens : Google images

Para Saber mais: