Crise grega reflete o fantasma dos nacionalismos. Veja a matéria publicada no Jornal do Brasil do dia 30/04/2010:
"As turbulências pelas quais passa a zona do euro afundam a Europa cada vez mais em uma crise de identidade que evidencia a volta de reflexos nacionalistas, em meio à dificuldade de colocar em andamento projetos mobilizadores – uma situação que se agrava com a falta de visibilidade das novas instituições da União Europeia (UE).
– Onde está o presidente do Conselho Europeu? O que está fazendo o presidente da Comissão? Existe um líder europeu para gerir a crise grega? Ou estão esperando que o euro fracasse? – questionava-se o deputado europeu, o francês Philippe Juvin, membro do partido UMP (direita) do presidente Nicolas Sarkozy.
Além da Grécia, toda zona do euro vacila. Com o país, cai junto o projeto europeu mais emblemático das últimas décadas – e não existem muitos outros atualmente.
Ninguém quer verdadeiramente assumir riscos após a agonia da reforma das instituições da UE na última década. O continente se questiona sobre o futuro de uma nova expansão ao Leste, mal desenhada, e teme um rebaixamento em nível internacional.
– Com a globalização, a questão é: o que resta do modelo europeu, do posicionamento da Europa na liderança mundial? Essas questões me inquietam muito – enfatizou, na semana passada, o secretário de Estado francês para a UE, Pierre Lellouche.
Questões inimagináveis há pouco não são mais tabus: a União Monetária pode implodir? A zona do euro deve expulsar um dos seus países, com o risco de perder a credibilidade? A tormenta financeira fragiliza as certezas e devolve a voz a Cassandras que, nas origens, anunciavam o fracasso do projeto.
O adiamento da Europa para colocar em ação o plano de resgate da Grécia “coloca em risco o futuro do euro”, alerta o deputado europeu alemão, Sven Giegold. O líder do seu partido no Parlamento, Daniel Cohn-Bendit, julga a gestão do assunto “catastrófica”.
A Alemanha, sob a liderança de uma nova geração de dirigentes políticos nascidos no pós-guerra, exige, agora, sem titubear, que os interesses nacionais sejam postos à frente dos da Europa. Desde o início, o país dificultou a ajuda à Grécia e foi alvo de duras críticas.
– A Alemanha se contorce sob seu egoísmo nacional – denuncia Philippe Juvin.
Mantendo o anonimato, um especialista da Comissão Europeia estima que “a falta de liderança da Alemanha causou um grave prejuízo para as instituições europeias”.
Jornal do Brasil/
Assunto: Economia/
Título: 1g Europa em processo de perda de identidade/ D
ata: 30/04/2010/ Crédito: France-Presse/
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