Presidente Médici e a Copa do Mundo de 1970
Em junho de 1970, a TV brasileira entra na era das transmissões mundiais via satélite. Na antena parabólica em Itaboraí (Rio de Janeiro), as imagens chegam a cores. No resto do Brasil, a televisão continua em preto e branco mas, ainda assim, o avanço é sensacional. Pela primeira vez, o brasileiro pode assistir a Copa do Mundo ao vivo, diretamente do México, e ver as "feras do Saldanha" em campo, em tempo real.
Primeiro jogo, primeiras emoções: o Brasil vence a Tchecoslováquia por 4 a 1. E, no jogo final, repete-se a façanha: o Brasil goleia também a Itália, com o mesmo resultado. No campo, as "feras": Tostão, Gerson, Rivelino, Clodoaldo, Pelé...
A seleção brasileira não foi um improviso, antes, resultou de uma operação de guerra em que o governo interferiu, passo-a-passo, para garantir a vitória, importante para o "marketing" da revolução. Por ordem do governo, a CDB (Confederação Brasileira de Desportos) criou a COSENA (Comissão Técnica Selecionadora), limitando ao técnico a possibilidade de escolher livremente os jogadores. E foi com essa equipe que o Brasilexperimentou suas primeiras vitórias nas eliminatórias: 5 a 0 contra a Venezuela, em Caracas; 6 a 2 contra a Colômbia, no Rio...
Há, também, interferências pessoais. O presidente da República exige, em certo momento, que seja escalado Dario, o "peito de aço", e recebe a cortante resposta de João Saldanha, dada pelo mesmo mensageiro: "Diga ao Presidente que ele escolhe seus ministros e eu escolho os meus jogadores". Saldanha é demitido da seleção, por ordem do Presidente e, em seu lugar, fica o técnico Mário Lobo Jorge Zagalo, que incluiu Dario no elenco, firmando-se a paz entre as partes.
Durante os preparativos, Médici oferece um almoço aos jogadores no Palácio das Laranjeiras e fala a cada um deles como torcedor bem informado: "Como bom entendedor – reporta um jornal – o Presidente dirigiu-se a cada um dos jogadores de forma especial: saudou a ‘canhotinha’ de Gerson, manifestou esperança nos gols de Dario, perguntou pelo olho de Tostão e dispensou a apresentação a Pelé (‘Este eu já conheço muito’). Everaldo mereceu um cumprimento especial e foi apresentado pelo próprio Presidente a dona Scylla (esposa de Médici): ‘Afinal de contas, ele vai representar nosso Grêmio lá no México’."
É com Zagalo que o Brasil conquista o tricampeonato. A Copa Jules Rimet é nossa para todo o sempre (até que, mais tarde, fosse roubada e derretida). A seleção chega ao Rio de Janeiro em 23 de junho de 1970, sob o delírio do povo. E para não faltar ninguém às ruas, foi decretado feriado nesse dia.
O presidente Médici sai à frente do palácio e ensaia uns passes, diante dos fotógrafos e cinegrafistas para mostrar que também é bom de bola. Ou, melhor, que é bom de propaganda. Acabava de faturar mais um lance, que aumentaria sua popularidade, obliterando o lado negativo de seu governo.
De permeio, alguns lances folclóricos. O Brasil exige da FIFA que a nova taça, a ser usada em 1974, passe a se chamar "Taça Edson Arantes do Nascimento", o que evidentemente não foi aceito. Em São Paulo, o prefeito Paulo Salim Maluf usa dinheiro público para presentear todos os jogadores com carros zero-quilômetro, ocasionando-lhe um processo que se estendeu por mais de vinte anos e que o obrigou a depositar o valor correspondente em juízo. Por fim, foi absolvido.
PRA FRENTE BRASIL
Os Incríveis
Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Gol!
Somos milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
EU TE AMO MEU BRASIL
Os Incríveis
Escola...
Marche...
As praias do brasil ensolaradas
Lá lá lá lá...
O chão onde país se elevou
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais amor
O Céu do meu Brasil tem mais estrelas
O sol do meu país, mais esplendor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil
As tardes do Brasil são mais douradas
Mulatas brotam cheias de calor
A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui, porque existe amor
No carnaval, os gringos querem vê-las
Num colossal desfile multicor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor
Adoro meu Brasil de madrugada, lá, lá, lá, lá.
Nas horas que eu estou com meu amor,lá,lá,lá,lá.
A mão de Deus abençoou.
A minha amada vai comigo aonde eu for.
As noites do Brasil tem mais beleza, lá, lá, lá, lá.
A hora chora de tristeza e dor, lá, lá, lá, lá.
Porque a natureza sopra e ela vai-se embora enquanto eu planto amor.
Eu te amo meu Brasil, eu te amo.
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil.
Eu te amo meu Brasil, eu te amo.
Ninguém segura a juventude do Brasil. 2 x
Fonte:http://letras.terra.com.br/os-incriveis/332979/
Saiu no Jornal e a gente bota aqui:
Pra não dizer que não...por Zuenir Ventura
"É claro que os jovens de hoje não fazem ideia do que foi. [A perda da copa de 1950 em pleno Maracanã]. Mas para nós a dor só aliviou um pouco oito anos depois, quando ganhamos na Suécia não só o título como dois dos maiores gênios do futebol, Pelé e Garrincha. Depois vieram a vitória de 62, o fiasco de 66 e a consagração épica de 70 - com a posse definitiva da taça, além da desforra: 3x1 sobre os uruguaios. Mas foi a Copa que dividiu a oposição política entre torcer a favor da seleção e, ao mesmo tempo, contra a ditadura, que se apropriara simbolicamente do time (o general Médici posava de torcedor nº 1)."
Fonte: O Globo - 12/06/10
Eu opino, tu opinas, nós opinamos...
Lembro de ter lido um texto sobre a política do "Pão e Circo" na Roma Antiga ( ainda postarei algo sobre isso). Esta era uma bela tentativa dos imperadores romanos de manter o povo sob domínio. Comparação à parte, o governo do General Emílio Garrastazu Medici (1969-1974) foi um dos mais repressivos da ditadura militar (1964-1985). Parte da população estava satisfeita com o chamado "milagre econômico" , mas ainda havia a miséria, a desigualdade social e as ações coercitivas -censura/ tortura, estas últimas típicas de um governo autoritário. Fico às vezes me perguntando: Por que o ano da Copa é o mesmo ano das eleições? Parece que nos tornamos "brasileiros" apenas na Copa do Mundo. Claro que podemos torcer, mas sem exageros...e alienação.
Saiu no Jornal e a gente bota aqui:
Pra não dizer que não...por Zuenir Ventura
"É claro que os jovens de hoje não fazem ideia do que foi. [A perda da copa de 1950 em pleno Maracanã]. Mas para nós a dor só aliviou um pouco oito anos depois, quando ganhamos na Suécia não só o título como dois dos maiores gênios do futebol, Pelé e Garrincha. Depois vieram a vitória de 62, o fiasco de 66 e a consagração épica de 70 - com a posse definitiva da taça, além da desforra: 3x1 sobre os uruguaios. Mas foi a Copa que dividiu a oposição política entre torcer a favor da seleção e, ao mesmo tempo, contra a ditadura, que se apropriara simbolicamente do time (o general Médici posava de torcedor nº 1)."
Fonte: O Globo - 12/06/10
Eu opino, tu opinas, nós opinamos...
Lembro de ter lido um texto sobre a política do "Pão e Circo" na Roma Antiga ( ainda postarei algo sobre isso). Esta era uma bela tentativa dos imperadores romanos de manter o povo sob domínio. Comparação à parte, o governo do General Emílio Garrastazu Medici (1969-1974) foi um dos mais repressivos da ditadura militar (1964-1985). Parte da população estava satisfeita com o chamado "milagre econômico" , mas ainda havia a miséria, a desigualdade social e as ações coercitivas -censura/ tortura, estas últimas típicas de um governo autoritário. Fico às vezes me perguntando: Por que o ano da Copa é o mesmo ano das eleições? Parece que nos tornamos "brasileiros" apenas na Copa do Mundo. Claro que podemos torcer, mas sem exageros...e alienação.
amei suas postagens no blog!!!
ResponderExcluirvou visitar sempre seu blog!ja virei seguidora...
meus parabéns!
venha nos visitar tbm... e seja bem vindo!
blog de minha tia>>
http://wwwhistorianasveias.blogspot.com/
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