sexta-feira, 11 de junho de 2010

Futebol e Ditadura Militar




Presidente Médici e a Copa do Mundo de 1970



Em junho de 1970, a TV brasileira entra na era das transmissões mundiais via satélite. Na antena parabólica em Itaboraí (Rio de Janeiro), as imagens chegam a cores. No resto do Brasil, a televisão continua em preto e branco mas, ainda assim, o avanço é sensacional. Pela primeira vez, o brasileiro pode assistir a Copa do Mundo ao vivo, diretamente do México, e ver as "feras do Saldanha" em campo, em tempo real.
Primeiro jogo, primeiras emoções: o Brasil vence a Tchecoslováquia por 4 a 1. E, no jogo final, repete-se a façanha: o Brasil goleia também a Itália, com o mesmo resultado. No campo, as "feras": Tostão, Gerson, Rivelino, Clodoaldo, Pelé...
A seleção brasileira não foi um improviso, antes, resultou de uma operação de guerra em que o governo interferiu, passo-a-passo, para garantir a vitória, importante para o "marketing" da revolução. Por ordem do governo, a CDB (Confederação Brasileira de Desportos) criou a COSENA (Comissão Técnica Selecionadora), limitando ao técnico a possibilidade de escolher livremente os jogadores. E foi com essa equipe que o Brasilexperimentou suas primeiras vitórias nas eliminatórias: 5 a 0 contra a Venezuela, em Caracas; 6 a 2 contra a Colômbia, no Rio...
Há, também, interferências pessoais. O presidente da República exige, em certo momento, que seja escalado Dario, o "peito de aço", e recebe a cortante resposta de João Saldanha, dada pelo mesmo mensageiro: "Diga ao Presidente que ele escolhe seus ministros e eu escolho os meus jogadores". Saldanha é demitido da seleção, por ordem do Presidente e, em seu lugar, fica o técnico Mário Lobo Jorge Zagalo, que incluiu Dario no elenco, firmando-se a paz entre as partes.
Durante os preparativos, Médici oferece um almoço aos jogadores no Palácio das Laranjeiras e fala a cada um deles como torcedor bem informado: "Como bom entendedor – reporta um jornal – o Presidente dirigiu-se a cada um dos jogadores de forma especial: saudou a ‘canhotinha’ de Gerson, manifestou esperança nos gols de Dario, perguntou pelo olho de Tostão e dispensou a apresentação a Pelé (‘Este eu já conheço muito’). Everaldo mereceu um cumprimento especial e foi apresentado pelo próprio Presidente a dona Scylla (esposa de Médici): ‘Afinal de contas, ele vai representar nosso Grêmio lá no México’."
É com Zagalo que o Brasil conquista o tricampeonato. A Copa Jules Rimet é nossa para todo o sempre (até que, mais tarde, fosse roubada e derretida). A seleção chega ao Rio de Janeiro em 23 de junho de 1970, sob o delírio do povo. E para não faltar ninguém às ruas, foi decretado feriado nesse dia.
O presidente Médici sai à frente do palácio e ensaia uns passes, diante dos fotógrafos e cinegrafistas para mostrar que também é bom de bola. Ou, melhor, que é bom de propaganda. Acabava de faturar mais um lance, que aumentaria sua popularidade, obliterando o lado negativo de seu governo.
De permeio, alguns lances folclóricos. O Brasil exige da FIFA que a nova taça, a ser usada em 1974, passe a se chamar "Taça Edson Arantes do Nascimento", o que evidentemente não foi aceito. Em São Paulo, o prefeito Paulo Salim Maluf usa dinheiro público para presentear todos os jogadores com carros zero-quilômetro, ocasionando-lhe um processo que se estendeu por mais de vinte anos e que o obrigou a depositar o valor correspondente em juízo. Por fim, foi absolvido.


PRA FRENTE BRASIL



Os Incríveis



Noventa milhões em ação


Pra frente Brasil, no meu coração


Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Gol!
Somos milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!


EU TE AMO MEU BRASIL
Os Incríveis
Escola...


Marche...


As praias do brasil ensolaradas
Lá lá lá lá...

O chão onde país se elevou


A mão de Deus abençoou


Mulher que nasce aqui
Tem muito mais amor

O Céu do meu Brasil tem mais estrelas


O sol do meu país, mais esplendor


A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor

Eu te amo, meu Brasil, eu te amo


Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil


Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil

As tardes do Brasil são mais douradas


Mulatas brotam cheias de calor


A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui, porque existe amor

No carnaval, os gringos querem vê-las


Num colossal desfile multicor


A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor

Adoro meu Brasil de madrugada, lá, lá, lá, lá.


Nas horas que eu estou com meu amor,lá,lá,lá,lá.


A mão de Deus abençoou.
A minha amada vai comigo aonde eu for.

As noites do Brasil tem mais beleza, lá, lá, lá, lá.


A hora chora de tristeza e dor, lá, lá, lá, lá.


Porque a natureza sopra e ela vai-se embora enquanto eu planto amor.

Eu te amo meu Brasil, eu te amo.


Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil.


Eu te amo meu Brasil, eu te amo.

Ninguém segura a juventude do Brasil. 2 x
Fonte:http://letras.terra.com.br/os-incriveis/332979/


Saiu no Jornal e a gente bota aqui:
Pra não dizer que não...por Zuenir Ventura
"É claro que os jovens de hoje não fazem ideia do que foi. [A perda da copa de 1950 em pleno Maracanã]. Mas para nós a dor só aliviou um pouco oito anos depois, quando ganhamos na Suécia não só o título como dois dos maiores gênios do futebol, Pelé e Garrincha. Depois vieram a vitória de 62, o fiasco de 66 e a consagração épica de 70 - com a posse definitiva da taça, além da desforra: 3x1 sobre os uruguaios. Mas foi a Copa que dividiu a oposição política entre torcer a favor da seleção e, ao mesmo tempo, contra a ditadura, que se apropriara simbolicamente do time (o general Médici posava de torcedor nº 1)."
Fonte: O Globo - 12/06/10


Eu opino, tu opinas, nós opinamos...
Lembro de ter lido um texto sobre a política do "Pão e Circo" na Roma Antiga ( ainda postarei algo sobre isso). Esta era uma bela tentativa dos imperadores romanos de manter o povo sob domínio. Comparação à parte, o governo do General Emílio Garrastazu Medici (1969-1974) foi um dos mais repressivos da ditadura militar (1964-1985). Parte da população estava satisfeita com o chamado "milagre econômico" , mas ainda havia a miséria, a desigualdade social e as ações coercitivas -censura/ tortura, estas últimas típicas de um governo autoritário. Fico às vezes me perguntando: Por que o ano da Copa é o mesmo ano das eleições? Parece que nos tornamos "brasileiros" apenas na Copa do Mundo. Claro que podemos torcer, mas sem exageros...e alienação. 

Um comentário:

  1. amei suas postagens no blog!!!
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