segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uso das Fontes Históricas em sala de aula - Análise de Fontes Musicais



A professora Circe Bittencourt[1] demonstra que o uso de documentos ou fontes históricas nas aulas de história justifica-se pelas contribuições que pode oferecer para o desenvolvimento do pensamento histórico. Uma delas é facilitar a compreensão do processo de produção do conhecimento histórico pelo entendimento de que os vestígios do passado se encontram em diferentes lugares, fazem parte da memória social e que precisam ser preservados como patrimônio da sociedade.
A autora alerta que as fontes históricas são muito variadas quanto a sua origem, e precisam ser analisadas de acordo com suas características de linguagem e especificidades de comunicação. Como recursos didáticos, distinguem-se três tipos de documentos: escritos, materiais e visuais ou audiovisuais.
Bittencourt sugere uma proposta de análise transformando documento em material didático. Na visão da mesma é preciso descrever o documento para destacar e indicar as informações que ele contém; identificando sua natureza, explicando-o e situando-o no contexto histórico. Estes aspectos têm por finalidade a análise crítica-reflexiva do documento pelos alunos.
Neste ínterim, é muito interessante trabalhar com documentos escritos, não só os oficiais (do Estado) quantos jornais e textos literários em sala de aula sobre os quais o professor deve ter o cuidado especial com a análise de tais fontes. Isto, segundo Paulo Knauss[2] demonstra que o documento não deve ser utilizado só como ilustração, mas como conhecimento de leitura de mundo e complementação ao material didático.
A autora supracitada também esclarece que as análises de músicas são recursos pedagógicos muito próximos da vivência dos jovens estudantes, as fontes musicais podem representar o pensamento, uma crítica social ou uma vivência cultural. Destacam-se aí, por exemplo, as canções de protestos e as músicas do movimento Tropicalista na ditadura militar. Assim, pode-se fazer com que os alunos percebam a diferença entre “ouvir música” e “pensar sobre a música”.
O historiador e também pesquisador Marcos Napolitano[3] esclarece que a tipologia de uma fonte audiovisual não varia fundamentalmente dos elementos que definem a tipologia das fontes tradicionais. Basicamente, o historiador deve identificar os seguintes elementos: gênero, suporte, origem, data, autoria, conteúdo referente, acervo. Tais elementos compõem a ficha técnica das fontes, que nem sempre estão previamente elaboradas nas coleções e arquivos.
Ficha técnicas das fontes musicais: uma sugestão segundo Marcos Napolitano:
· Música: forma/gênero (por exemplo, “forma canção/ gênero samba”); suporte (por exemplo, fonograma ou partitura ou videoclipe); origem (país/estúdio); duração; data (data da gravação e da publicação do material) autoria (compositor/ intérprete/ músicos); acervo ( no qual a fonte foi encontrada).


[1] BITTENCOURT, Circe. Usos didáticos de documentos. In: Ensino de História fundamentos e métodos 2ªed. São Paulo. Cortez, 2008. p.325-343.
[2] KNAUSS, Paulo. Sobre a Norma e o Óbvio: a sala de aula como lugar de pesquisa. In: NIKITIUK, Sônia (org). Repensando o ensino de História. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
[3] NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla. B.(Org.) Fontes Históricas. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2006.

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