segunda-feira, 26 de março de 2012

O Quilombo Sacopã - RJ

Quilombo Sacopã


Hoje, eu li uma reportagem no Jornal O DIA que me deixou intrigada. Segundo a reportagem, o vereador do PSOL, Eliomar Coelho, quer que a Câmara vote um projeto de sua autoria  que "propõe a criação da Área de Especial Interesse Cultural (Aeic) do Quilombo Sacopã." Parece que pela reportagem, este projeto tem causado um grande incômodo para os moradores da área, Lagoa, que é considerada nobre no Rio de Janeiro.
Segundo o Blog "Tambores Falantes": "O quilombo fica na Rua Sacopã, 250 e é o único em área urbana no Rio reconhecido pelo governo federal. O lugar, num dos bairros mais valorizados do Rio, começou a ficar famoso na década de 70, por causa de uma roda de samba e também da feijoada oferecida ao público."
 

Segundo o site da Fundação Cultural Palmares, " O Quilombo Sacopã teve início com achegada da família Pinto, da qual Luiz Sacopã faz parte, ao Rio de Janeiro, no século XIX. A família vivia em uma comunidade quilombola em Nova Friburgo e deixou o local em busca de melhores condições de vida. Eles se instalaram na área do quilombo, onde herdeiros vivem até hoje, e que, na época, não passava de um grande matagal. A comunidade é devidamente certificada pela Fundação Cultural Palmares, e seu processo de regularização fundiária está em andamento no Incra -RJ."



Na reportagem de O DIA, moradores do local que inclue terrenos de 22 condomínios onde vivem cerca de 220 pessoas, argumentam que Manuel Pinto, patriarca da família que seria quilombola, só passou a morar na área décadas depois da Abolição da Escravidão. Mas ainda há remanescentes, segundo a Fundação Cultural Palmares ligadas ao Governo Federal. Tanto o vereador Eliomar Coelho quanto o Blog "Tambores Falantes" alegam que o s remanescentes são vítimas de preconceito.




Sobre os Quilombos: 

Segundo Ronaldo Vainfas, os quilombos foram a forma mais comum de resistência à opressão escravista, a fuga e a formação de grupos de escravos fugidos foi comum a todas as sociedades escravistas conhecidas. O historiador destaca que alguns quilombos se organizaram próximo a grandes cidades, como os quilombos de Iguaçu, no rio de Janeiro. Ali, por todo o século XIX, escravos aquilombados em vários em vários acampamentos provisórios às margens dos rios Sarapuí e Iguaçu, beneficiados pela topografia da região cercada de manguezais, mantiveram contatos permanentes com barqueiros, taberneiros e comunidades de senzala das fazendas vizinhas, fazendo chegar seus produtos, especialmente a lenha que cortavam, até o mercado da Corte. 



O mais famoso dos Quilombos já formados foi o dos Palmares controlado pela figura enigmática e heróica de Zumbi. Localizado na Serra da Barriga, no atual região de Alagoas, Palmares era um lugar de difícil acesso em que os capitães do mato não conseguiam chegar e tornou-se um dos símbolo da resistência contra os horrores da Escravidão. Segundo o historiador Jaime Pinsky, Palmares foi "um verdadeiro estado dentro do estado, com relações econômicas estáveis, estrutura socieconômica estabelecida e contatos comerciais com vilas próximas, em pleno século XVII e com duração total de 67 anos, segundo se crê. E isto no Nordeste brasileiro, área das mais povoadas e desenvolvidas da colônia na época. O historiador ainda ressalta que houve quilombos em São Paulo, na Bahia, no Norte e em Mato Grosso onde, curiosamente, uma mulher chegou a governar.



Referências  e Links para a pesquisa:

Livros: 
Ronaldo Vainfas (Org.) Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889) . Editora Objetiva.
Jaime Pinsky. A Escravidão no Brasil. Editora Contexto.