sábado, 28 de agosto de 2010

No Jornal: Protótipo da Bandeira Nacional é roubado no Rio


O telhado da igreja danificado pela chuva: demora no tombamento de prédio do Iphan dificulta reforma. Foto de Domingos Peixoto / Agência O Globo


Igreja Positivista, onde estava a obra furtada, sofre com abandono desde que um temporal destruiu seu telhado, em março


Jacqueline Costa e Vivian Oswald

RIO e BRASÍLIA. O abandono da Igreja Positivista do Brasil foi provavelmente um dos motivos para o sumiço do seu maior tesouro: o protótipo da Bandeira Nacional, desenhado por Décio Vilares, em 1889. A relíquia foi levada da sede da igreja, também conhecida como Templo da Humanidade, na Rua Benjamim Constant 74, na Glória, como informouAncelmo Gois em sua coluna no GLOBO. Na 9ª DP (Catete), onde o caso foi registrado em 4 de maio, o presidente da igreja, Danton Voltaire Pereira de Souza, contou que o crime aconteceu na madrugada do dia 27 de abril. Desde que seu telhado despencou numa sexta-feira 13, em março de 2009, após um forte temporal, o edifício, inspirado no Panteão de Paris, está de portas fechadas.

Plásticos para proteger da chuva 16 mil livros

Danton diz temer pela estrutura do prédio e pela biblioteca com 16 mil livros, que estão cobertos com plásticos, assim como a mobília. A umidade e os cupins, que ele denuncia desde 2005, e são uma ameaça adicional ao que sobrou das paredes e do acervo. Na terça-feira, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, solicitou à Fundação Biblioteca Nacional (BN) que estudasse uma forma de ajudar na conservação do prédio da igreja.

— Nós já entramos em contato com a Igreja Positivista do Brasil, oferecendo uma visita técnica de especialistas em restauração da Biblioteca Nacional, para verificarmos o estado do acervo da instituição e indicarmos ações para sua salvaguarda — disse ao GLOBO a diretora do Centro de Processos Técnicos da BN, Liana Amadeo.

Segundo ela, a instituição pode, após a vistoria, fazer um laudo que reforce as necessidades do prédio e ajudar a igreja a transferir todo o acervo do local (e auxiliar com a higienização das obras) para poder dar início a uma reforma. O problema é que a fundação só poderá ajudar com o acervo, e ainda não há um projeto de reforma em andamento. Danton Voltaire afirma que o custo das obras deve ser de cerca de R$2 milhões e que teria enviado ao Ministério da Cultura uma proposta de projeto há alguns meses.

Na próxima quinta-feira, Danton Voltaire será recebido pelo representante do ministro da Cultura no Rio para uma reunião. O prédio é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (Inepac) desde 1978. Em2008, a Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) encaminhou para Brasília o pedido de tombamento da construção. Se o processo já estivesse sido votado pelo Conselho Consultivo, o órgão federal poderia arcar com obras emergenciais que tirariam o imóvel da situação de risco em que se encontra.

No registro de ocorrência, consta ainda que a porta da sala de relíquias foi arrombada e que, além da bandeira, foram levadas cinco fotografias da Capela da Humanidade de Paris, que estariam penduradas nas paredes. Um amplificador de som com microfone sem fio também foi furtado. O delegado da 9ª DP, Alan Luxardo, disse que as investigações estão prosseguindo e que testemunhas estão sendo chamadas a depor.

Na doutrina positivista, não há um culto a um deus onipotente: a adoração é à humanidade. Por isso, nas laterais da nave, no lugar de imagens de santos, há bustos de filósofos, cientistas e artistas apontados como grandes nomes da História.

Jornal: O GLOBO Autor:  
Editoria: Rio Tamanho: 603 palavras
Edição: 1 Página: 26
Coluna:  Seção: 
Caderno: Primeiro Caderno   
© 2001 Todos os direitos reservados à Agência O Globo
Imagem/ matéria: O Globo

O AMOR POR PRINCÍPIO, E A ORDEM POR BASE; O PROGRESSO POR FIM./ Literatura & Rio de Janeiro

Disque-Denúncia: R$ 2 mil por informações de protótipo da Bandeira Nacional/JB Online  




Imagens: JB Online 
Literatura & Rio de Janeiro

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Touradas no Rio de Janeiro


Arena no Fundo da foto - Bairro do Flamengo - RJ


Renato Grandelle

Foi uma semana vitoriosa para os defensores dos animais. Na quarta-feira, o Parlamento da Catalunha, na Espanha, aprovou um decreto que proíbe as touradas naquela região a partir de 2012. O que pouca gente sabe é que o Brasil e o Rio de Janeiro já foram palco de muitas touradas. Por quase dois séculos, elas foram populares por aqui. Em 1907, um decreto do prefeito Francisco Marcelino de Souza pôs fim às touradas cariocas, uma tradição que acompanhava a cidade pelo menos desde o século XVIII. Eram eventos narrados em poemas, que contavam com desfiles de irmandades e carros alegóricos, e exigiam a montagem de arenas para comportar milhares de espectadores.

As touradas aportaram na Colônia como uma prova de fidelidade ao reino português. Os grandes acontecimentos da monarquia deveriam ser comemorados em todos os seus domínios com uma festa de três dias, cuja programação incluía encontros acadêmicos, peças e jogos. A principal atração, no entanto, eram os homens de chapéu de três pontas e roupas de seda, que, por uma hora, desafiavam touros vindos da Europa, numa arena montada no Campo de Santana, financiada pela Câmara de Vereadores.

As partes anteriores do espetáculo tinha um quê de protocolar — as danças de ciganas, as exibições preparadas por categorias profissionais. Mas a popularidade das touradas era incontestável. Na semana anterior ao evento, a imprensa carioca alardeava a presença de toureiros portugueses famosos, como Luiz Antônio Gonzaga e Joaquim Ferreira de Vasconcelos. A dupla comandou os festejos de 1762, em homenagem ao nascimento de dom José, príncipe de Portugal. Para a curta performance, cada um recebeu o equivalente a quatro meses do salário de um professor.

Os nobres, embora menos afeitos ao esporte, também prestigiavam o evento: era sua forma de mostrar alegria com as datas oficiais da Corte. E um intelectual encarregava-se de escrever um livreto sobre os festejos, depois enviado a Lisboa. O autor da obra de 1762, de identidade desconhecida, inovou ao criticar as touradas. “Esse bárbaro resto dos anfiteatros romanos, que as nações de Espanha religiosamente conservam para desempenho nas suas maiores festas. (...) Tudo era soberbo; doce e melodia de cantilenas e o acordado efeito de tantos instrumentos formavam o alegre prelúdio de uma cena trágica”.

Arenas se espalharam após independência

Foi um raro sinal de descontentamento. As touradas sobreviveram depois da proclamação da independência do país, quando a Coroa portuguesa deixou de ser motivo para festas. Também resistiram à perda de seu estádio, no Campo de Santana. Por volta de 1870, a área foi ajardinada, assumindo suas feições atuais, e deixou de receber grandes eventos públicos.

— A partir da metade do século XIX, os empresários começaram a montar suas próprias casas de espetáculos — conta o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti. — As arenas, também chamadas de curros, foram montadas onde hoje são as ruas Marquês de Abrantes, no Flamengo, e do Lavradio, na Lapa. Eram estruturas provisórias de madeira, que podiam ser desmontadas, e recebiam touradas aos sábados, domingos e num terceiro dia durante a semana. Para atrair espectadores, seus proprietários anunciavam nos jornais a importação de touros europeus.

O público engrossou no fim do século XIX, quando uma grande leva de imigrantes espanhóis chegou ao Brasil. Sua chegada coincidiu com o o auge das touradas cariocas. A cidade enfim ganhou seu primeiro e único curro definitivo, construído com tijolos próximo à atual esquina das ruas Ipiranga e das Laranjeiras. Próxima à estrutura, projetada em 1898, ficava a fábrica de tecidos Aliança. Lá trabalhavam cerca de mil operários — membros de uma classe social que costumava frequentar as touradas.

O mais novo ponto de encontro da cidade, no entanto, teve vida curta.

— O século XX chegou com novos atrativos, como o surgimento do cinema e a proliferação do teatro — ressalta Cavalcanti. — Além disso, as touradas do Rio seguiam o modelo português, em que o touro era mantido vivo após o espetáculo, e não o espanhol, onde ele é morto. Isso pode ter contribuído para a plateia perder o interesse.

As touradas também enfrentavam outros obstáculos. O orçamento necessário para aquele programa era alto demais. A importação do touro custava uma fortuna, e as despesas do evento incluíam, também, o pagamento de bandas, dois toureiros e seus assistentes, os capinhas.

Outro desafio aos adeptos dos jogos: os touros, enfim, ganharam defensores. A Sociedade Protetora dos Animais lutou pelo fim daqueles espetáculos. E a militância colheu frutos em 1907, quando a prefeitura baixou decreto proibindo o esporte.

O poder municipal, na verdade, já não escondia a insatisfação com as arenas. A Praça dos Touros de Laranjeiras esbarrava no projeto de modernização da cidade, conduzido por Pereira Passos. Quando canalizou o Rio Carioca, que corta o bairro, o prefeito sonhava em entregar a região a habitações coletivas.

— Laranjeiras é próximo ao centro da cidade e já contava com bondes — assinala Cavalcanti. — Era natural que a urbanização por que passava o Rio se estendesse àquela área. O prefeito defendia o remanejamento de atividades industriais e comerciais, como o curro e a fábrica de tecidos, para São Cristóvão, longe do núcleo de suas reformas.

Pereira Passos não mexeu na arena, mas a Praça de Touros, como já era previsível, sucumbiu à especulação imobiliária. Nos anos 30, deu lugar a um grande prédio. Os touros, que tantas festas animaram, não deixaram saudade, como escreveu o historiador Ferreira da Rosa: “O divertimento foi perdendo aficionados; os toureiros desistiram: o redondel desmanchou-se. A cidade não deu pela falta”.

Jornal: O GLOBO Autor:  
Editoria: Ciência Tamanho: 983 palavras
Edição: 1 Página: 33
Coluna:  Seção: 
Caderno: Primeiro Caderno   
© 2001 Todos os direitos reservados à Agência O Globo
Imagem: Esporte Rio
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Opinião:
Confesso que antes de ler a matéria, eu não fazia a menor idéia de que existiram touradas na cidade do Rio de Janeiro. O tema foi discutido em uma das aulas de História Cultural na minha faculdade e achei pertinente postar aqui para vocês opinarem. Uma das colocações em sala é que supostamente esta prática tenha chegado ao Brasil no período filipino (1580-1640). Ainda bem que este 'esporte' cruel desapareceu, embora nós saibamos que ainda haja as brigas de galo, as rinhas, a farra do boi e etc. Alguns diriam, por exemplo, que a farra do boi faz parte da cultura popular no sul do país e como 'tal' deve ser preservada. No entanto, nada justifica tamanha violência e desrespeito para com os animais. A matéria mostrou que as touradas foram pouco a pouco saindo do gosto (mau gosto) popular e, quem sabe, todas as formas de 'entretenimento' citadas acima, possam também cair no esquecimento.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Stonehenge de Madeira e História


Cientistas descobrem novo círculo em Stonehenge
BBC Brasil - Multimídia

Arqueólogos descobriram um segundo círculo próximo ao célebre monumento milenar Stonehenge, na Grã-Bretanha.
O achado vem sendo considerado o mais importante dos últimos 50 anos na região.
Em vez de usar pedras, os limites do círculo, escavado na terra, teriam sido demarcados com postes de madeira, já que foram encontradas dezenas de buracos com cerca de um metro de profundidade.
A descoberta faz parte de um projeto milionário de arqueologia na região de Wiltshire.
O coordenador do projeto, o professor Vince Gaffney, da universidade de Birmingham, classificou o achado de "excepcional".
O "monumento" circular data do perído Neolítico ee da Idade do Bronze. Ele fica distante 900 metros das enormes pedras de Stonehenge. 
História - Stonehenge
Stonehenge (do inglês arcaico "stan" = pedra, e "hencg" = eixo) é um monumento megalítico da Idade do Bronze, localizado na planície de Salisbury, próximo a Amesbury, nocondado de Wiltshire, no Sul da Inglaterra.
Constituí-se no mais visitado e conhecido círculo de pedras britânico, e até hoje é a incerta a origem da sua construção, bem como da sua função, mais acredita-se que era usado para estudos astronômicos ou religiosos.
Origem: Denominado pelos Saxões de "hanging stones" (pedras suspensas) e referido em escritos medievais como "dança dos gigantes", existem diversas lendas e mitos acerca da sua construção, creditada a diversos povos da Antiguidade.
Uma das opiniões mais populares foi a de John Aubrey. No século XVII, antes do desenvolvimento dos métodos de datação arqueológica e da pesquisa histórica, foi quem primeiro associou este monumento, e outras estruturas megalíticas na Europa, aos antigos Druidas. Esta idéia, e uma série de falsas noções relacionadas, difundiram-se na cultura popular do século XVII, mantendo-se até aos dias atuais.
Na realidade, os Druidas só apareceram na Grã-Bretanha após 300 a.C., mais de 1500 anos após os últimos círculos de pedra terem sido erguidos. Algumas evidências, entretanto, sugerem que os Druidas encontraram os círculos de pedra e os utilizaram com fins religiosos.
Outros autores sugeriram que os monumentos megalíticos foram erguidos pelos Romanos, embora esta idéia seja ainda mais improvável, uma vez que os Romanos só ocuparam as Ilhas Britânicas após 43, quase dois mil anos após a construção do monumento.
Somente com o desenvolvimento do método de datação a partir do Carbono-14 estabeleceram-se datas aproximadas para os círculos de pedra. Durante décadas não foram formuladas explicações plausíveis para a função dos círculos, além das suposições de que se destinavam a rituais e sacrifícios.
O mais famoso monumento da pré-história pode ter sido um centro de cura, para onde iam peregrinos há mais de 4.500 anos. A afirmação é de um grupo de arqueólogos que trabalha, desde o começo do mês, nas primeiras escavações em mais de 40 anos no monumento. O grupo acredita ter encontrado indícios que podem, finalmente, explicar os mistérios da construção de blocos de pedra. A equipe descobriu um encaixe que, no passado, abrigou as chamadas pedras azuis, rochas vulcânicas de tom azulado, a maioria já desaparecida, que formava a primeira estrutura construída no monumento. Eles acreditam que as pedras azuis podem confirmar a tese de que Stonehenge era um local onde as pessoas iam em busca de cura. 
A arqueoastronomia: Nas décadas de 1950 e de 1960, o professor Alexander Thom, coordenador da Universidade de Oxford e o astrônomo Gerald Hawkins abriram caminho para um novo campo de pesquisas, aArqueoastronomia, dedicado ao estudo do conhecimento astronômico de civilizações antigas. Ambos conduziram exames acurados nestes e em outros círculos de pedra e em numerosos outros tipos de estruturas megalíticas, associando-os a alinhamentos astronômicos significativos às épocas em que foram erguidos. Estas evidências sugeriram que eles foram usados como observatórios astronômicos. Além disso, os arqueoastrônomos revelaram as habilidadesmatemáticas extraordinárias e a sofisticação da engenharia que os primitivos europeus desenvolveram, antes mesmo das culturas egípcia e mesopotâmica. Dois mil anos antes da formulação do teorema de Pitágoras, constatou-se que os construtores de Stonehenge incorporavam conhecimentos matemáticos como o conceito e o valor do π (Pi) em seus círculos de pedra.
A explicação científica para a construção está no ponto em que o monumento tenha sido concebido para que um observador em seu interior possa determinar, com exatidão, a ocorrência de datas significativas como solstícios e equinócios, eventos celestes que anunciam as mudanças de estação. Para isto basta se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de arenito que o compunham e observar-se na direção certa. Esta descoberta se deu em 1960, demonstrando, através da arqueologia, que os povos neolíticos, 3000 anos antes de Cristo, já tinham este conhecimento.
A importância estaria vinculada diretamente à agricultura dos povos da época. Segundo o historiador Johnni Langer, a vida dos povos agrícolas está ligada ao ciclo das estações, e o homem pré-histórico precisava demarcar o tempo para saber quais eram as melhores épocas para colheita e semeadura, e a observação do céu nasceu daí.
Fonte: Wikipédia

Reportagem: BBC Brasil
Imagens:  National Geographic